domingo, 2 de dezembro de 2007

COMO DESENVOLVER AS PRÁTICAS DE PRODUÇÃO DE TEXTOS


Como desenvolver as práticas de produção de textos

Lívia Ferreira Pereira
Maria Meiriane Freire Aguiar

O presente artigo propõe, de forma clara e objetiva, abordar aspectos e mostrar estratégias para uma boa elaboração e produção de textos.
Tendo em vista, a grande dificuldade de crianças do ensino fundamental ao redigir um texto, apreciamos o ato da escritura como algo mágico que deve estar presente na vida de todos.
Todavia, sabendo-se que um bom texto se faz pela constante e incansável leitura; percebemos, por meio de uma pesquisa realizada com crianças da rede estadual, onde lhes foi proposto para que relatassem um acontecimento, que estas estão perdendo esse hábito, assim a incapacidade de escrita se faz presente.
A produção de textos requer dos escritos todo um planejamento antes da escrita, pois dessa forma é possível que haja eficiência e qualidade no acabamento do texto. São diversas as produções textuais com as quais podemos motivar os alunos para que produzam, no entanto, neste trabalho, propusemos e estimulamos a produção de jornal escolar. O jornal é um grande meio de comunicação, e quando passa a ser produzido na escola, pelos próprios alunos, torna-se uma forma de interação com outras pessoas.
Assim sendo, estabelecemos como fonte para este trabalho, as atividades redacionais estipuladas por Hayes e Flower, apresentado por Garcia – Debanc, considerando suas grandes contribuições para entender todo o processo de escrita. É deste estudo, que surge a forma de produzir textos, acerca dos aspectos que são analisados, de como se escrever bem, o que fazer para escrever bem, e de que maneira a escrita é tão importante para nós.

Com base na diversidade de pesquisas realizadas sobre a escrita durante a produção de textos e como a interação com outras pessoas possa vir a influenciar na elaboração final do mesmo, propusemos para alunos do ensino fundamental que
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produzissem um relato de acontecimento, sendo o principal objetivo a análise do processo de escrita, bem como a capacidade de raciocínio e criatividade que as crianças possuem. O estudo foi realizado individualmente com alunos de escolas estaduais, todos oriundos da cidade de Cariré-CE. Apresentamos, também aspectos para a elaboração de jornal escolar, sendo este um grande meio de comunicação entre os alunos e a sociedade.
Assim sendo, de acordo com as atividades redacionais de Hayes e Flower¹, proposto por Garcia-Debanc², permite estabelecer aspectos diante do ato da escrita, onde esta execução requer, segundo os autores, três tipos de operações:

“A planificação que engloba as atividades de concepção (determinação dos objetivos atribuídos ao texto, bem como do tipo e do conteúdo do texto), de organização (escolha de uma ordem, seleção dos elementos a utilizar) e de remodelagem (adaptação do tipo de discurso ao público alvo); a ‘micro-planificação’ (segundo a terminologia de Fayol e Schneuwly)³ que designa a atividade de redação propriamente dita: organização dos enunciados no respeito das regras globais (tipo de texto, coerência macroestrutural) ou locais (ortográficas, sintáxicas, lexicais); a revisão que concerne a releitura (reconhecimento dos erros de ortografia, sintaxe4 e léxico5; detecção de efeitos de incompreensão, contradições, inexatidões; conformidade do texto produzido com o texto esperado), ao remanejamento (os últimos retoques) e à reescrita.”
FERBACH, Mônica de Araújo, 2006. p.137

Tendo em vista, a pesquisa pronta e acabada, foi possível perceber a grande capacidade das crianças. Diante do tema que lhes foi concebido, ou seja, o relato de um acontecimento, a principio a apreensão e a dificuldade tomou conta de todos. Porém, depois de realmente entenderem a proposta, as idéias e pensamentos fluíram com grande facilidade. No entanto, percebemos que o principal problema está ligado à ortografia, pois os erros são constantes e permanentes. Esses erros são exemplos comuns de dificuldades durante a escrita: “s” ou “ç”? “x” ou “ch”?; trata-se, portanto da falta de atenção da criança ou mesmo não saber a forma correta da escrita. Observamos também, como o diálogo, o discurso com outras crianças é algo positivo, pois quando trabalham juntas na escola ou em grupo há uma troca de idéias, que se faz por meio de indagações, o que torna-se benéfico para todos. Para Vygotsky:

“Cada frase, cada conversa é precedida da aparição de um motivo, isto é, por qual razão eu falo, em que fonte de impulsões e necessidades afetivas se alimenta essa atividade (...) No caso da linguagem oral, não se precisa criar uma motivação. É a dinâmica da situação que trata disso. O diálogo (...) é uma cadeia de reações”.
Vygotsky, op.cit, p. 261

Uma forma bastante interativa se faz na proposta de elaboração de jornal escolar, pois há um interesse e envolvimento maior dos alunos, sendo esta uma maneira de enriquecer o conhecimento, por meio do diálogo entre eles e os próprios funcionários da escola, lembrando que “todo discurso se inscreve em um processo diálogo” Bakhtin (1984).
Os assuntos a serem abordados no jornal escolar podem ser vários, abrangendo o meio estudantil e o mundo em que vivemos. É de suma importância que se dê ênfase a todos os assuntos que são tratados no dia-a-dia, assim poderá despertar a conscientização e o interesse de todos. O conteúdo informativo do jornal, deve ficar à cargo dos próprios alunos, com produções textuais desenvolvidas por eles em sala, sendo um meio de valorizar o esforço e incentivar cada vez mais o hábito da escrita.
Hoje, o desenvolvimento de textos escritos, está pouco valorizado e uma solução para resgatar e fortalecer a produção dos mesmos é a elaboração de jornais, tanto no âmbito estudantil como acadêmico, pois assim é possível que os alunos desenvolvam suas idéias, sentimentos e opiniões sobre variados assuntos. Acontecimentos da escola, como festas, comemorações, reivindicações, novidades relacionadas às metodologias implantadas pelos professores, endereços de sites educativos, de pesquisas entre outros, devem fazer parte do arsenal de informações contidas no jornal. Antes de serem impressas e levadas a público é preciso fazer uma avaliação dos escritos para correções de eventuais erros ortográficos, assim o texto já estará apto para ser publicado e apreciado. Esse cuidado que deve-se ter com a produção e a elaboração de textos, requer de nós escritores, mais qualidade no que lemos, porque é através da leitura constante que se faz bons escritores. Assim esperamos que este estudo venha a contribuir de forma eficaz para os futuros escritores do nosso país.

Notas
1 Hayes e Flower, 1980
2 Garcia-Debanc, 1986, pp 23-51
3 Fayol e Schneuwly, 1987
4 Parte da gramática que ensina a dispor as palavras para formar as orações, as orações para formar períodos e parágrafos, e estes para formar o discurso.
5 Conjunto de palavras de que dispõe um idioma.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERNBACH, Mônica de Araújo. Escrita e interação. In DEL RÉ, Alessandra. A aquisição da Linguagem: uma abordagem psicolingüística. São Paulo: Contexto, 2006. pp. 135-167.
VOZ DO ALUNO, Jornal dos alunos de 3º e 4º ciclos e de 6ª e 7ª séries da E.E.F.M. Francisco de Almeida Monte, São José – Alcântaras, 2006.
MICHAELIS 2000: moderno dicionário da língua portuguesa – Rio de Janeiro: Reader’s Digest; São Paulo: Melhoramentos, 2000 2V.

Lívia Ferreira Pereira e Maria Meiriane Freire Aguiar escreveram o presente artigo sob a orientação do professor Vicente Martins, da Universidade Estadual Vale do Acaraú(UVA), em Sobral, Estado do Ceará.

e-mail: vicente.martins@uol.com.br

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